Quinta-feira, 18 de Abril de 2024
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Chamada para artigos da revista Devires - Cinema e humanidades

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Arte, Chamada para artigos, Cinema, Fotografia, Pedagogia, Política

A revista Devires (ISSN 2179-6483), editada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), seleciona artigos para dois dossiês com previsão de publicação em 2017:

  •  Políticas do Cinema e da Fotografia, coordenado por Anna Karina Bartolomeu, Cláudia Mesquita e Maria Ines Dieuzeide, recebe artigos até dia 06 de fevereiro;
  •  Pedagogias do Cinema, coordenado por André Brasil e Clarisse Alvarenga, recebe textos de colaboradores, até dia 26 de junho.

A revista Devires - Cinema e Humanidades aceita contribuições de artigos e ensaios originais e inéditos; entrevistas inéditas realizadas com diretores, pesquisadores ou teóricos da área de concentração da revista e traduções inéditas de artigos não disponíveis em português, desde que se obtenha a devida autorização para publicação junto aos detentores dos direitos autorais. Para avaliar a inclusão do texto, os tradutores devem enviar também uma cópia no idioma original.

1) Dossiê Políticas do Cinema e da Fotografia

Com um novo dossiê dedicado às políticas da imagem, a Revista Devires pretende levar adiante indagações teóricas e analíticas em torno das potências políticas e estéticas que marcam o cinema e a fotografia contemporâneos.

Mais especificamente, propomos reunir contribuições que busquem identificar e analisar as diferentes maneiras como as imagens povoam o espaço público, tornando-o um território coabitado pelas diferenças e pela pluralidade dos modos de existência, atravessado pelo que Jacques Rancière denomina “cenas dissensuais”. Como as operações imagéticas manifestariam modos de existência dissensual do sensível, “subtraído à repartição das partes e das parcelas” até então estabelecida? (RANCIÈRE, 1996, p.68). Interessa-nos, por exemplo, a atenção a imagens urgentes, produzidas em contextos de disputas políticas, nas quais se inscreve o desejo de intervenção e transformação social.

Tendo como pressuposto a distribuição desigual da “condição precária” pelo Estado e pelos poderes, como Judith Butler (2015) tem discutido, buscamos ainda reunir contribuições que inventariem e analisem modos de elaboração da experiência histórica no Brasil e no mundo, fraturada por desigualdades, hierarquias e segregações. De que modos a montagem se compromete com a tarefa de rememorar e “contra-narrar” a experiência social no tempo, colocando-a em perspectiva histórica através da mobilização de testemunhos, imagens de arquivo e (re)encenações? Sob que formas as imagens produzem contra-escritas da história que lutam contra o apagamento forçado e inscrevem memórias soterradas?

Pretende-se ainda reunir contribuições que confrontem a dimensão política das imagens no espaço da pólis com a complicação trazida pelos componentes do “cosmos”, que inclui outras instâncias dotadas de agência (para além dos sujeitos humanos) e que põe em contato mundos radicalmente sem medida comum – a não ser aquela dos equívocos que asseguram a tênue vizinhança entre um e outro (tal como indicam as recentes reflexões em torno do tema da cosmopolítica (VIVEIROS DE CASTRO e DANOWSKI, 2014; LATOUR, 2012; STENGERS, 1997).

Desse modo, o dossiê se orienta por três objetivos, contrastantes e complementares:

1) Identificar e analisar as diversas maneiras com que as imagens expressam os muitos dissensos que se manifestam nas nossas cidades (desde as divisões entre o centro e a periferia, com a correlata distribuição desigual da “condição precária”, até as intervenções dos diversos coletivos no cotidiano do espaço urbano e a insurgência – intempestiva – das manifestações coletivas);

2) Identificar e analisar as diferentes maneiras como uma experiência histórica fraturada por desigualdades e segregações se inscreve nas imagens e é elaborada na montagem de diferentes obras fílmicas, empenhadas na construção de contra-narrativas que rememorem experiências soterradas;

3) Identificar e analisar as diferentes maneiras com que as imagens expressam os equívocos que se interpõem entre o nosso modo (branco, ocidental) de pensar e fazer a política, e aquele de outros povos cuja cosmologia concede o poder de agência a outras entidades que não apenas a dos sujeitos humanos.

2) Dossiê Pedagogias do Cinema

O que nos ensinam os filmes? A concordar com as proposições de Serge Daney (2007) ainda nos anos 70, cada autor sugere sua própria pedagogia, que será apreendida em termos fílmicos: pedagogia straubiana da não-reconciliação e da disjunção; pedagogia godardiana da confrontação dos enunciados, da restituição das imagens, etc. Hoje, contudo, a reivindicação de uma pedagogia do cinema talvez nos exigisse deslocamentos em relação às formulações de Daney.

Do ponto de vista da circulação e exibição dos filmes, as passagens da escola ao cinema (e vice-versa) ganham matizes e formatos os mais diversos: os festivais, que se definem por recortes particulares, em alguns casos, vinculados às demandas das minorias; os cineclubes, que se revigoram com as possibilidades de acesso por via digital; as experiências de formação descentralizadas, nas escolas ou fora delas, em comunidades urbanas ou rurais (indígenas, quilombolas, centros de cultura, ocupações etc.). Os filmes constituem então comunidades de espectadores circunstanciais, que extrapolam os contextos institucionais, em circuitos precários e dispersos, que possuem capilaridade e vinculam o cinema a processos de formação e de engajamento cultural ou político.

A produção das imagens aparece, ela também, como experiência pedagógica, que convoca posicionamentos políticos e éticos indissociáveis das escolhas estéticas. Interessaria nesse caso a obra assim como, fortemente, os processos que a possibilitam, estes que são, por si só, formativos. Para além das temáticas que abrigam, a elaboração formal e narrativa dos filmes porta sua pedagogia: ainda que possa se ligar mais estritamente ao trabalho de um “autor”, em muitos casos, essa pedagogia é atravessada pela experiência de uma comunidade, de um grupo num território, de uma luta histórica, de uma cosmologia.

Com o dossiê Pedagogias do cinema, gostaríamos de investigar esses processos em sua ampla gama de possibilidades:

  • A pedagogia que se apreende no trabalho de um autor ou de uma cinematografia (moderna ou contemporânea), com atenção à elaboração fílmica que ali se propõe.
  • A pedagogia que se formula nos processos de formação por meio do cinema, seja no interior da escola, seja em comunidades urbanas ou rurais; junto a grupos indígenas, quilombolas etc.
  • As relações possíveis entre a forma dos filmes e a experiência histórica, política ou cultural no interior da qual são produzidos.
  • Os processos de devolução das imagens aos sujeitos filmados; as exibições circunstanciais junto às comunidades e o que elas provocam como elaboração coletiva.

Mais informações na página da revista Devires.

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