Espaço Ameríndio está com chamada de artigos aberta para o dossiê "Caminhos metodológicos de pesquisa (com) indígenas", organizado por Maria Aparecida Bergamaschi (UFRGS), Ana Luísa Teixeira de Menezes (UNISC) e Magali Mendes de Menezes (UFRGS). A revista recebe submissões até 15 de junho de 2024, pelo link: https://seer.ufrgs.br/index.php/EspacoAmerindio/about/submissions

Linda Tuhiwai Smith, intelectual indígena maori da Nova Zelândia, no livro Descolonizando Metodologias: pesquisa e povos indígenas (2018), faz severas críticas à pesquisa sobre povos indígenas, pontuando o papel colonizador de pesquisas e pesquisadores. Por meio de práticas racistas, essas pesquisas contribuíram para que o conhecimento científico ainda hoje seja discriminador e desvalorizador dos povos originários. No entanto, a autora reconhece a importância das pesquisas desenvolvidas pelos próprios indígenas que ocupam espaços acadêmicos científicos já consagrados e, com suas presenças e autorias, mostram que a academia também é território indígena. Os indígenas “De objetos de pesquisa, passamos a ser pesquisadores”, frase de Tuhiwai Smith (2018, p. 42), que também ecoa entre pesquisadores indígenas brasileiros. Pesquisadores/as não indígenas, diante deste processo de descolonização da pesquisa e suas metodologias, (re)aprendem a pesquisar com os indígenas, em um movimento de construção intercultural dos conhecimentos. Mas como estamos ressignificando a palavra e as práticas de pesquisa com e dos povos indígenas?

Para este dossiê, convidamos à publicação de artigos que contemplem reflexões acerca das complexidades e possibilidades que a pesquisa indígena e com povos indígenas dispõe para o campo das ciências humanas e da educação. O objetivo é reunir trabalhos que proporcionem reflexões tecidas no encontro com indígenas; reunir e divulgar metodologias que são e ou que surgem nos caminhos compartilhados das pesquisas; estabelecer diálogos acerca de caminhares diversos que se encontram; projetar futuros para as pesquisas a partir das memórias ancestrais indígenas. Ou seja, refletir sobre caminhos de pesquisa, a partir dos próprios pesquisadores indígenas e do encontro de pesquisadoras(es) caminhantes que pesquisam com coletivos indígenas.

Fonte: UFRGS