Sábado, 20 de Abril de 2024
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XII Congresso Alemão de Lusitanistas – Chamada para a Secção 8 "Olhares cruzados: pós-memórias do colonialismo português em perspetiva comparada"

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Alemanha

Chamada para trabalhos, Ciências Sociais

O projeto de investigação MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-memórias Europeias (ERC Consolidator Grant n.º 648624) organiza a secção temática 8 “Olhares cruzados: pós-memórias do colonialismo português em perspetiva comparada” no 12.º Congresso Alemão de Lusitanistas, que irá decorrer na Universidade de Mainz (Alemanha), de 13 a 16 de setembro de 2017.

As propostas/ resumos devem ser enviados até 30 de abril para as organizadoras da secção 8: Margarida Calafate Ribeiro (Universidade de Coimbra) e Júlia Garraio (Universidade de Coimbra): juliaga@gmail.com

Nos últimos anos tem-se assistido em Portugal a uma crescente produção artística em torno do passado colonial português em África e das suas heranças na atualidade. Entre outros, veja-se a projeção mediática que acompanhou a publicação de textos como Caderno de Memórias Coloniais (2009) de Isabela Figueiredo (n. 1963), o romance O Retorno (2011) de Dulce Maria Cardoso (n. 1964), Os Pretos de Pousaflores (2011) de Aida Gomes (n. 1967) ou Esse Cabelo (2015) de Djaimilia Pereira de Almeida (n.1982). No cinema atente-se em produções como Tabu (2012) de Miguel Gomes (n.1972), Cartas da Guerra (2016) de Ivo Ferreira (n.1975) ou Posto Avançado do Progresso (2016) de Hugo Vieira da Silva (n.1974). Nas artes plásticas, veja-se, por exemplo, a exposição Botânica (2014) de Vasco Araújo (n.1975). Recorde-se também o programa cultural que acompanhou a exposição Retornar: Traços de Memórias (2015-16). Os Vampiros (2016) de Filipe Melo (n. 1977) e Juan Cavia, que nos transporta para a guerra na Guiné-Bissau em 1973, teve um impacto mediático pouco comum num país em que a banda desenhada costuma ser remetida para um público muito restrito. Títulos como estes (outros haveria a citar) sugerem que o debate e a reflexão sobre as heranças do colonialismo na sociedade portuguesa contemporânea estão a ser protagonizados por quem “veio depois”, isto é, por quem não tem memórias próprias da época colonial ou dela tem apenas recordações difusas.  

O que parece delinear-se em torno dos debates que acompanharam estas obras é um repensar o ano de 1974 como momento fundador do Portugal democrático através do impacto da questão colonial. Visibilizam-se processos históricos como os fluxos migratórios que acompanharam o fim do domínio português em África e confrontam-se questões como o racismo herdado do passado colonial. Em suma, reclama-se um olhar pós-colonial para o Portugal contemporâneo.

Esta sessão temática pretende promover uma perspetiva comparada que traga para o debate sobre as heranças do colonialismo português as pós-memórias dos/as artistas dos países africanos que lutaram contra o domínio português. Como as gerações que cresceram no período pós-independência recordam o momento fundador das respetivas nações? Em que medida as guerras e os eventos que culminaram na libertação nacional são recuperados pelas gerações mais jovens para questionar e delinear identidades individuais e nacionais? Em que medida esses/as artistas entendem os conflitos e guerras que marcaram as novas nações como processos fortemente enraizados nas heranças coloniais? Como esses/as artistas articulam as lutas de emancipação no passado com as sociedades atuais de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe? Até que ponto as identidades pós-coloniais são entendidas como produto do colonialismo e das lutas anticoloniais?

Aceitamos propostas de comunicação que, a partir de diversos campos artísticos (literatura, BD, cinema, artes plásticas, artes performativas), nos permitam um olhar comparativo e multifacetado sobre as pós-memórias e heranças do colonialismo português na atualidade. Aceitamos estudos comparativos entre países envolvidos nesse processo histórico bem como análises focadas em determinado espaço geográfico ou determinado/a autor/a. Pretendemos com estes estudos contribuir para um espaço de pós-memórias partilhadas que permita às sociedades atuais escaparem às armadilhas das memórias e das identidades únicas e excludentes.

Projetamos a publicação de um livro com textos produzidos a partir das comunicações no congresso. As línguas da secção temática são o português e o alemão.

Confira as informações no site oficial do Congresso: https://congressolusitanistasmainz2017.jimdo.com

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