Quinta-feira, 28 de Março de 2024
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Memória, Cultura e Devir: Estudos Aprofundados em Ciências Sociais

Início: Fim: Países: Portugal

Ciências Sociais, Eventos, História

Conferência Internacional
Memória, Cultura e Devir: Estudos Aprofundados em Ciências Sociais
NOVA FCSH, 10-12 Maio

 

Esta conferência pretende interrogar a hipertrofia dos estudos sobre a memória, que corresponde a um estado do saber e das sociedades, sobretudo desde os anos de 1980, quando o optimismo se diluiu e o futuro pareceu tornar-se passado. Essa viragem, coetânea de mudanças ao nível das sociedades, requer uma reflexão em torno dos usos do passado, como artefacto do presente (Lowenthal, 1985), sujeitos às relações de forças dentro das sociedades.

A actual obsessão do passado é uma resposta substitutiva às urgências do presente ou, mesmo, uma recusa do futuro (Rousso, 1994:280). Pretende interrogar-se a relação com as fontes que falam, que questione a teoria e os métodos, entre a memória e a história oral, numa abordagem em que os saberes de fronteira de várias disciplinas têm de ser convocados. Terreno não pacificado, a memória continua a ser um interessante problema para as ciências sociais. Intensificou-se como objeto de estudo, materializado em formatos de património, no decurso dos anos 1980. Conquanto memórias traumáticas com as dos fascismos e do nazismo pudessem ter sido alvo de um trabalho anterior dos investigadores, e que a memória tenha hoje o estatuto de religião civil do mundo ocidental, o processo de passagem de memória fraca a memória forte não foi imediato (Traverso, 2005:54-59). Quando a topolatria se torna central, por que razões se erguem lugares de memória, ao mesmo tempo que desaparecem os meios de memória? Que dificuldades surgem na criação de lugares de memória de situações conflituais? Como se recorda o trauma e o acontecimento? Quando adquiriu a memória tal centralidade nas Ciências Sociais? Estudamos cada vez mais a memória porque as sociedades se ressentem duma ausência de esperança? Que relação estabelece o presentismo, como denegação do devir, com os usos da memória? Qual a relação entre a experiência e a expectativa, e qual o passado do futuro? Num tempo em que se tornou ecuménico o património, que relação estabelece a memória com ele, entre a beleza do morto e novos caminhos? Qual o papel da cultura na construção de uma força material das ideias? Em processos de exibição e musealização do passado, como lidamos com a memória das ditaduras e os processos de transição para as democracias? Que espaço se consagra ao devir na pesquisa em ciências sociais?

Esta conferência resulta do trabalho realizado no seminário com o mesmo nome, no âmbito do Instituto de História Contemporânea e do INET-md (ambos da NOVA FCSH), congregando investigadores juniores e seniores. Beneficia do aprofundamento dos saberes no âmbito de um conjunto de relações internacionais estabelecidas pelos investigadores. Assim, congrega colegas da Universidade Federá do Ceará e da Red(e) Ibero-Americana Resistência e/y Memória, trazendo até Lisboa investigadores de várias proveniências.

 

O programa inclui uma visita ao Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, no dia 13 de Maio.

 

Conferencistas:

10 de Maio  (Sala Multiusos 3)
Pablo Pozzi (Universidad de Buenos Aires): “Memoria, cultura, y lucha social: los cánticos en las movilizaciones argentinas
Fabienne Wateau (CNRS Université Paris Nanterre): “O retorno dos Commons : recorrer ao passado para pensar o futuro?”

11 de Maio (Auditório 1)
Maria de Fátima Nunes (IHC – Universidade de Évora): “Património, Saúde e Medicina, ou a arte de dar vida à memória. Trilhos de cultura & ciência”
Fernando Rosas (IHC – NOVA FCSH), “História e Usos Políticos da Memória”

12 de Maio (Auditório 2)
Adelaide Gonçalves (Universidade Federal do Ceará): “A gente cultiva a terra e ela cultiva a gente – Memória, Cultura e Resistência no MST”
Fernando Oliveira Baptista (Instituto Superior de Agronomia – Universidade de Lisboa): “Projectos camponeses, gente que sobra”

 

📄 Programa completo e livro de resumos

 

Organização:

Paula Godinho (IHC – NOVA FCSH)
Dulce Simões (INET-md – NOVA FCSH)
Maria Alice Samara (IHC – NOVA FCSH)

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