I Congresso Internacional Morte: Leituras da Humana Condição
Início: ⋅ Fim: ⋅ Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Portugal
O IEAC-GO Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização convida para a submissão de propostas ao I Congresso Internacional Morte: Leituras da Humana Condição, a ter lugar nos dias 21 a 24 de fevereiro de 2019 no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, Portugal.
Apresentação
Percebendo a morte como um limite intransponível, os antigos definiram o humano como um ser mortal. Esse primeiro princípio universal tornou-se o fundamento de toda uma ordem simbólica. Efetivamente, pode ler-se a história das sociedades humanas como um conjunto de narrativas que tendem a dar vida ao sonho de imortalidade, assegurando a perenidade da ordem social através da passagem das gerações.
O que é que acontece a uma sociedade em que a morte passa do estatuto de fundamento ontológico (um fenómeno natural) ao de simples contingência histórica (um evento a evitar a todo o custo)? Uma sociedade plenamente comprometida em acabar com a morte, que considera o envelhecimento como uma doença, em que a vontade de prolongar indefinidamente a sua vida substitui o desejo de alcançar a imortalidade num além, e em que o horizonte a alcançar é o sucesso da tecnociência e não a espera da morte?
Esta sociedade, que Céline Lafontaine chama de «pós-mortal» porque afasta do horizonte a perspetiva da morte, também altera radicalmente o sentido da procriação e da transmissão da vida – por um lado, destruindo, no plano antropológico, a ordem geracional que funda a história humana e, ao mesmo tempo, no plano sociológico, procurando instituir uma nova forma de vida comunitária centrada na obsessão pela saúde e pelos cuidados de saúde. De facto, os estudos sobre o envelhecimento das células, associados ao progresso nas transplantações, conservação e produção de órgãos, abrem perspetivas para uma vida mais longa, com uma duração indeterminada.
É neste quadro teórico que nos propomos organizar o I Congresso Internacional IEAC-GO, abordando o tema da morte num amplo leque interdisciplinar, privilegiando, é certo, as ciências sociais humanas, mas sem descurar as artes, as ciências médicas e as novas tecnociências. Este evento irá decorrer no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, entre os dias 21 e 24 de Fevereiro de 2019.
Objetivos
- Compreender as mudanças profundas em curso na(s) sociedade(s) atual(ais), relativamente ao tema da morte.
- Procurar entender como é que a velhice, associada à morte e à degeneração, passou a ser entendida como uma doença – ou até uma «praga» – contra a qual é preciso lutar (a luta anti-idade, graças aos progressos biomédicos e à chamada «biogerontologia»).
- Dar-se conta da emergência de um biopoder e de uma bioeconomia (biovalor, biocapital) e de um biocontrolo (transplante de órgãos, terapias genéticas, fabrico de tecidos de substituição, engenharia genética, etc.). Uma medicina regenerativa que não procura apenas acura, mas o prolongamento da vida.
- Definir medicamente a morte: morte cerebral, morte funcional, morte orgânica, morte tecidual…
- Escutar várias «narrativas» acerca da morte: nos achados arqueológicos, na arte, na literatura, na música, no cinema, etc.
- As cerimónias funerárias, em diferentes culturas, nas religiões. Enterrar os mortos: uma obra de misericórdia. Práticas funerárias atuais. A cremação, implicações jurídicas e alcance social (o desaparecimento dos corpos).
- Perceber em que medida a morte também pode ser uma libertação (a tradição platónica, mas também em certas fundamentações acerca da eutanásia).
- A morte na cidade (organização urbanística e cemitérios).
Painéis temáticos
1. TEOLOGIA MORTE E EXISTÊNCIA
a) Fátima e Morte
b) Esperança e Morte
c) A Morte no Vaticano II e nos Documentos Pontifícios
d) Morte nos textos bíblicos
e) Morte nas religiões não cristãs
f) A escatologia
2. PSICOLOGIA
a) O luto
b) A tanatologia
c) Morte e Desenvolvimento humano
d) O suicídio
3. FILOSOFIA
a) Tempo e morte
b) Pensar a cultura desde a morte
c) A existência, esperança e morte
d) Pensar(es) filosófico(s) sobre a morte
4. ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA
a) Representações sociais da morte
b) História antropológica e social do morrer
c) Culturas diversas, diversos conceitos de morte
d) Agrupamentos humanos e a morte e os funerais
e) Atitudes, crenças e símbolos na relação com a morte
5. HISTÓRIA
a. A ação das Misericórdias Portuguesas
b. Os cemitérios: um repertório multifacetado do comportamento humano
c. A morte na história portuguesa e história do mundo
d. Relação do homem com a morte ao longo da história
6. MEDICINA
a. Cuidados Paliativos
b. Eutanásia, Distanásia e Ortonásia
c. Relação medicina e envelhecimento
d. As novas tecnologias aplicadas à medicina e finitude
7. POLÍTICA, DIREITO E ECONOMIA
a. Organização urbanística e os cemitérios
b. Conexão de políticas sociais e a morte
c. Memória, dor e funeral e suas relações com a cultura e sociedade
d. Relação modelos políticos/morte/qualidade de vida
e. Personalidade e Morte
f. A Pena de Morte
g. Legislação
h. Cenários micro e macroeconómicos em torno da morte e ocultação social da finitude.
i. O contexto económico dos funerais
j. Relação de políticas económicas e morte
8. ARTE
a. A morte na literatura
b. A morte na música
c. A morte na dança
d. A morte no cinema
e. A morte na pintura
f. A morte na escultura
Comunicações
Proposta de comunicação: O IEAC-GO recebe Propostas de Comunicações até dia 15 de Setembro de 2018. Todos os proponentes de comunicação deverão, previamente à entrega da Proposta, proceder à Inscrição do Congresso, enviando o comprovativo de pagamento de Inscrição. As referidas Propostas deverão ser enviadas para o e-mail geral@congressointernacionalmorte.pt, acompanhadas da seguinte documentação:
§ resumo da comunicação (máx. 2500 caracteres sem espaços);
§ cinco palavras-chaves;
§ resenha biográfica (máx.15 linhas).
As Propostas de Comunicações serão avaliadas pela Comissão Científica do Congresso. Todas as Propostas de Comunicações poderão enquadrar-se num dos referidos enquadramentos:
a) Aceite para comunicação;
b) Aceite para integração no dossier do Congresso, como artigo científico;
c) Não aceite.
Até ao dia 15 de outubro de 2018, será comunicado a cada proponente de comunicação o parecer relativo à proposta recebida.