Sábado, 20 de Abril de 2024
Congressos

Colóquio "Papéis e Diários da Prisão, Entre o Colonialismo e o Pós-Colonialismo"

Início: Fim: Países: Angola, Portugal

Eventos, História

Papéis e Diários da Prisão, Entre o Colonialismo e o Pós-Colonialismo

Importantes fontes para o trabalho historiográfico, os diários, cartas e outros escritos da prisão estão longe de estar mapeados nos vários arquivos institucionais e privados de Portugal e dos países do seu antigo império. Dois diários do cárcere recentemente publicados em Lisboa e um conjunto de relatórios prisionais apreendidos pela PIDE são o mote para uma reflexão sobre a importância desse empreendimento, promovida pelo IHC da FCSH/NOVA com o colóquio PAPÉIS E DIÁRIOS DA PRISÃO, ENTRE O COLONIALISMO E O PÓS-COLONIALISMO.

Diários, cartas, epístolas do cárcere, local onde os presos estão isolados, na solidão, ou sempre acompanhados, com um tempo marcado pela angústia, pelo aborrecimento e a privação de liberdade, fazem parte de um género literário reconhecido desde as Epístolas da Prisão, escritas pelo apóstolo Paulo, no século I depois de Cristo, incluídas no Novo Testamento. No século XIX, Oscar Wilde escreveu uma longa carta, entre 1896 e 1897, na prisão de Reading, com o título Epistola: In Carcere et Vinculis, após ser condenado a dois anos de prisão por homossexualidade. Já no século XX, o dirigente comunista italiano, António Gramsci escreveu, entre 1926 e 1930, as famosas Cartas do Cárcere, em 33 cadernos escolares, 29 dos quais constituíram a primeira edição desta sua obra publicada na Itália, entre 1948 e 1951, organizada por Palmiro Togliatti. Em Portugal, a longa ditadura e a prisão de inúmeros oposicionistas do regime de Salazar e Caetano por razões políticas também instigou à escrita de cartas da prisão e diários de prisão. Após a queda do regime, alguns foram publicados, extravasando do espaço privado do cárcere para a esfera pública, de que são exemplo os livros Escrito na Cela, de Fernando Miguel Bernardes (1982), Cartas de Prisão (1975), de José Magro e do Padre Mário Pais de Oliveira, ou, mais recentemente, Tem cuidado meu amor: cartas da prisão de Virgínia Moura e António Lobo Vital (2015). Neste mesmo ano, sai a obra monumental do escritor angolano Luandino Vieira Papéis da Prisão. Apontamentos, Diário, Correspondência (1962-1971), produzida em locais de encarceramento de antigos espaços coloniais portugueses: diversas prisões de Luanda e o Tarrafal de Santiago, em Cabo Verde. Em 2016, já num contexto pós-colonial, o livro Sou eu mais livre, então: Diário de um preso político angolano contém alguns dos cadernos escritos na prisão de Calomboloca por Luaty Beirão.

 

PROGRAMA:

- RELATÓRIOS DE PRISÃO: UMA OUTRA FACE DE DIÁRIOS DO CÁRCERE, por Irene Flunser Pimentel, IHC-FCSH/NOVA

- ESCREVER É RESISTIR – PRÁTICAS DE RESISTÊNCIA NOS PAPÉIS DA PRISÃO DE JOSÉ LUANDINO VIEIRA, por Elisa Scaraggi, Centro de Estudos Comparatistas da FLUL

- DIÁRIO DE PRISÃO, ESPAÇO DE LIBERDADE, por Luaty Beirão, músico, activista de direitos humanos e autor de Sou eu mais livre, então: Diário de um preso político angolano

- DEBATE

Moderação: Helena Pinto Janeiro, IHC – FCSH/NOVA

 

Informação relacionada

Enviar Informação

Mapa de visitas