No início da década de 1970, no clássico ensaio “O direito à literatura”, Antonio Candido (2011) já preconizava a expressão artística como direito inalienável e incompressível. Entendendo-a como uma forma autônoma de conhecimento, afirmava categoricamente que a restrição de seu alcance aos privilégios de uma classe elitista consistiria em violação a uma almejada sociedade justa e igualitária. Na base do mesmo argumento, Freire (1996) propunha uma educação emancipatória, na qual a leitura se centraliza como base para uma formação crítica e autônoma. Quase meio século depois, quais os rumos da literatura, bem como seus desdobramentos na educação literária, para a consolidação de um projeto de autor e leitor formados para a emancipação? O presente Simpósio Temático propõe, em duas vertentes, articular pesquisas tanto no campo da crítica literária quanto no da formação do leitor literário que versem sobre a temática em tela. Com relação à primeira, a ênfase recai sobre produções nacionais e estrangeiras de cunho contra-hegemônico e decolonial que apontem para um senso emancipatório, sejam elas de poéticas pós-coloniais, de autoria feminina, de vozes da negritude e de povos indígenas, de expressões da dita “periferia” ou de outras manifestações de cunho popular. A segunda abre-se para a apresentação de projetos de pesquisa e/ou de extensão voltados para a formação crítica, reflexiva e autônoma do leitor literário em ambientes formais e não-formais de educação.